O comércio eletrônico na América Latina demonstra um crescimento acelerado. Estima-se que, em 2018, sejam superados US$ 100 bilhões, o que representará um aumento de 177% com relação a 2014.  É o que ressalta um estudo do IDC patrocinado pelo Paypal sobre e-commerce na América Latina, lançada este ano, que pesquisou as tendências dos consumidores digitais em seis países da região: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Esse relatório analisou as respostas de aproximadamente 1.800 internautas para conhecer os hábitos online das pessoas com maior poder aquisitivo (classes A e B).
 
“A América Latina se torna um mercado cada vez mais importante com relação ao comércio eletrônico, devido aos benefícios obtidos pelos consumidores com as compras online, a uma maior conectividade e a um aumento na confiança sobre os métodos de pagamento”, comenta Mario Mello, diretor geral do PayPal para a América Latina,
 
Em alguns anos, os atuais consumidores serão compradores online maduros, o que contribuirá com o crescimento do mercado. Dentre os internautas latino-americanos que responderam às entrevistas da pesquisa, um terço deles havia comprado na internet em 2012; em 2018, esta proporção deverá crescer para a metade.
 
Para 2018, as projeções apontam que os países que mais gastarão online serão Brasil, México e Chile. Isto parte de uma análise sobre o consumo online médio dos compradores nesses países. Nos três países, ele foi de US$ 413 – ante os US$ 1.500 dos consumidores com maior poder aquisitivo. Deste último grupo (classes A e B), espera-se que as compras excedam US$ 2.300, um valor que supera a média de gastos online dos norte-americanos em 2014 (US$ 1.980).
 
Atualmente, o Brasil concentra metade do mercado de comércio eletrônico. Para 2015, os consumidores típicos dos Estados Unidos têm projetado aumentar o valor de suas compras em somente 3%, enquanto a Colômbia apresenta a maior taxa de crescimento (83%), seguida por México e Brasil com aproximadamente 30%, Peru (25%), Chile (22%) e Argentina (19%).
 
 
O que os latino-americanos compram online?
 
Os latino-americanos preferem comprar online porque representa uma boa alternativa para aquisições pessoais, além de obter acesso a uma maior oferta de produtos e formas de pagamento. Os entrevistados também falaram sobre suas preferências ao fazer compras por e-commerce, nas quais a maioria o faz a partir de um laptop. No entanto, os mexicanos (quase um terço deles) são líderes em compras a partir de smartphones e os colombianos (quatro em cada dez) preferem os tablets.
 
Vestuário, utensílios domésticos e equipamentos eletrônicos são os produtos com maior demanda. Nesse sentido, os colombianos são os mais apaixonados por vestuário (69%), os brasileiros preferem utensílios domésticos (68%), equipamentos eletrônicos (67%) e cosméticos (54%), enquanto mexicanos estão mais inclinados a comprar CDs e DVDs de música (41%).
 
Ao adquirir serviços online, as reservas relacionadas ao turismo (passagens de avião, ônibus, hotéis, tours e aluguel de carros, entre outros) são as mais solicitadas, especialmente pelos colombianos. Os brasileiros, por sua vez, optam por ingressos para entretenimento; enquanto os mexicanos são os principais consumidores de conteúdo online da região, além de liderarem as compras de aplicativos, software, jogos online e downloads de vídeos e música.
 
Quanto às faixas de gerações, surpreendentemente tanto a Geração Z (18 a 24 anos), a Geração dos Millennials e a Geração X compartilham do gosto pela aquisição de vestuário. A segunda preferência para a Geração Z e a Geração dos Millennials são os equipamentos eletrônicos, enquanto para a Geração X e maiores de 45 anos os utensílios domésticos são os mais apreciados. Reservas de viagem somente ocupam o primeiro lugar para maiores de 45 anos, enquanto representam a terceira opção para as Gerações Z e X.
 
 
Barreiras para o e-commerce
 
Apesar do franco crescimento do comércio eletrônico, alguns elementos ainda representam impedimento para uma maior aceleração. Entre os países analisados, os temas de segurança e privacidade (37%) iniciam a lista de barreiras, seguidos pela limitação no uso de formas de pagamento (16%). No que se refere à fraude, a Colômbia parece ser o país mais preocupado (59%), seguido pelo Peru (42%) e México (37%). Além disso, o estudo também demostrou que outros 30% de mexicanos e brasileiros não dão importância ao tema.
 
 
O ponto forte da forma de pagamento
 
Mesmo que, na América Latina, os cartões bancários sejam a principal forma de pagamento para compras online, existe uma evolução sobre as plataformas de pagamento, entre as quais PayPal é a mais reconhecida da região, colocando-se como um elemento que aumenta a confiança relacionada às compras via Internet.
 
A confiança nas plataformas de pagamento aumenta devido às suas vantagens: segurança para ambas as partes (compradores e vendedores), controle por meio de uma plataforma unificada, assim como benefícios exclusivos (pagamento a prazo, sem juros, e promoções exclusivas aos usuários).
 
O PayPal se posicionou na América Latina como uma das principais ferramentas para reduzir a insegurança relacionada ao e-commerce, já que fornece grande confiabilidade. O PayPal constitui-se na forma de pagamento eletrônico favorita de quase 50% dos mexicanos, enquanto que para 40% dos latino-americanos de maior renda é o método escolhido para prevenir fraude em suas transações online. Em termos de idade, para 32% da Geração dos Millennials e para quase 30% dos consumidores da Geração Z e X representa a primeira opção para o pagamento online.
 
 
América Latina cada vez mais conectada
 
Em 2012, pouco mais de 42% da população dos seis países entrevistados possuía acesso à Internet. Estima-se que, em 2018, 60% da população esteja conectada. Este fenômeno será favorecido pelo fato de que a geração Z terá, pouco a pouco, uma maior incursão nas compras pela Internet, considerando-se que são pessoas que nasceram em um mundo online e no qual terão um desenvolvimento natural. É previsto que, dentro de três anos, seis em cada dez cidadãos estejam conectados à Internet, sendo o Chile o país com a maior penetração (71%), seguido pela Argentina (68%) e Colômbia (66%).
 
Atualmente, os latino-americanos passam, em média, quase 25 horas por mês na Internet, o que representa sete horas a menos que a média global. No entanto, no caso das pessoas com maior poder aquisitivo, esta média aumenta para 380 horas ao mês (considerando-se todas as conexões, desde dispositivos como smartphones, tablets, computadores de escritório, laptops, consoles de videogames ou smart TVs). Neste sentido, os colombianos passam o maior tempo conectados (420 horas mensais), seguidos pelos mexicanos (423 horas) e brasileiros (422 horas). Este longo tempo de conexão deve-se aos dispositivos que possuem acesso ininterrupto à Internet, sem que haja consulta contínua por parte do usuário, a exemplo dos smartphones, assim como dos computadores que são utilizados no trabalho durante pelo menos oito horas diárias.
 
 
Dispositivos móveis ganham terreno sobre os fixos
 
Considerando-se como equipamento fixo um PC, laptop, console de videogame e SmartTV, estes ainda possuem uma leve supremacia sobre os móveis, como ocorre no caso da Argentina (53%), Brasil (63%), México (56%) e Peru (57%). São exceções o Chile (55%) e a Colômbia (52%), com predisposição à mobilidade. Todavia, sete em cada dez usuários preferem acessar o Facebook a partir de seu smartphone, oito o utilizam para a comunicação via Skype, Whatsapp ou Viber; enquanto que sete optam por seu laptop para ver conteúdo multimídia, em sites como o YouTube. No que se refere ao comércio eletrônico, os laptops (69%) continuam sendo o meio preferido para se fazer compras online, seguidos pelos tablets (29%), smartphones (24%) e Smart TV (6%). O lar (84%) continua sendo o ponto predominante para conectar-se, seguido pelo local de trabalho (61%) e espaços públicos (20%).
 
 
Um resumo por país
 
BRASIL O país se sobressai como principal mercado da região, não somente por concentrar a metade do valor de e-commerce do mercado, mas por possuir os consumidores que mais compram, em termos de frequência, volume e valor.
 
COLÔMBIA Tem a maior projeção de crescimento das seis economias para 2018; possui a maior taxa de aumento de internautas, de compradores online e de aumento em seu valor de mercado, assim como o maior crescimento em gastos online por usuário, com 21%.
 
MÉXICO Demonstra o maior número de pessoas que gastaram mais de US$ 10.000 nos últimos 12 meses, e que esperam manter uma média de gasto similar para o próximo ano.
 
CHILE Tem os mais altos índices de acesso à Internet. Espera-se que esta base de usuários seja capitalizada por meio do aumento generalizado de suas compras online, passando do quinto lugar em 2014 ao terceiro lugar com maior gasto por comprador para 2018, sendo superado somente pelo Brasil e pelo México.
 
ARGENTINA Os argentinos apresentam a maior tendência para comprar em lojas de seu próprio país e são aqueles que mais utilizam a Internet para a realização de trâmites governamentais (60% dos entrevistados desse país), o que gera uma alta expectativa no sentido de que deverão integrar o comércio eletrônico como parte de suas principais atividades online.
 
PERU Tem os consumidores mais abertos a mudar sua percepção com relação ao e-commerce. Para eles, o desenvolvimento das plataformas de pagamento representará um acelerador para que se sintam muito mais seguros para fazer compras online, fomentando assim o desenvolvimento do comércio eletrônico no país, o qual se estima que terá as taxas mais altas de crescimento (de 30%) para 2018 na América Latina.
 
 
COMO FOI A PESQUISA
 
• O IDC entrevistou 1.798 pessoas na América Latina, nas principais cidades dos seguintes países: Brasil: 402 pessoas; México: 387; Argentina: 276; Colômbia: 230; Chile: 267, e Peru: 236, entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
 
• A amostra teve como base os consumidores dos setores com maior poder aquisitivo (A/B), os quais são considerados a partir das seguintes rendas por domicílio: Brasil: 3.600 dólares (US); México: 3.700 US; Argentina: 800 US; Chile: 3.500 US, Colômbia: 2.500 US, e Peru: 2.400 US.