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Brasil precisa, urgentemente, massificar a digitalização e facilitar o crédito às MPEs
por Thiago Chueiri, Business Development Director do PayPal Brasil

Elas são milhões e atuam em todos os segmentos da economia. Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas (chamadas de MPEs) respondem, atualmente, por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, representam mais de 98% das empresas nacionais e, segundo o Ministério do Trabalho, foram responsáveis por cerca de 70% do total das carteiras assinadas no ano passado. São uma potência nacional. 

De acordo com o mesmo Sebrae, as MPEs deveriam bater os 17,5 milhões de empreendimentos até 2022. Deveriam, porque o coronavírus e seus desdobramentos, infeliz e certamente, nos farão rever essa meta.

Mas talvez estejamos passando por um daqueles momentos de ruptura da economia, a partir dos quais certas soluções que insistiam em não deixar as planilhas finalmente tomam forma e se tornam presentes no dia a dia. São muitos os desafios de quem resolve abrir uma empresa no Brasil, mas me refiro, principalmente, ao cenário de crédito para as MPEs – e também para os MEIs, os microempreendedores individuais.

Atualmente, as opções dessa parcela gigantesca de brasileiros e brasileiras que se aventuram em busca de reforço no orçamento familiar (ou até mesmo da sobrevivência) são bastante restritas, pois os ativos continuam muito concentrados nos cinco maiores bancos do País, o que resulta em baixa competitividade do mercado de crédito. E, como em qualquer setor da economia, quanto menos alternativas, piores os resultados.

Um exemplo? De acordo com estudo do Serasa Experian, mais de 5,4 milhões de MPEs estavam inadimplentes ao final de 2019.

A questão vai muito além: vivemos em um mundo que se digitaliza em velocidade espantosa, o que significa que mais pessoas têm, na palma da mão, serviços cada vez mais tecnológicos e fáceis de usar. Segundo o IBGE, o smartphone é a principal (quando não única) ferramenta de acesso à internet para mais de 90% da população. E, ao mesmo tempo, ainda contamos mais de 60 milhões de brasileiros que não têm nem mesmo uma conta bancária.

O que sobra nessa matemática é um resultado tão simples quanto doloroso – e tivemos uma breve noção do que ele representa nas imensas filas flagradas nas portas das agências da Caixa. Vimos centenas de milhares de pessoas tentando sacar os R$ 600 do auxílio emergencial que o Governo Federal colocou à disposição dos que mais precisam neste momento de crise.

É preciso investir, urgentemente, na digitalização da economia brasileira. Mais do que isso, criar um cenário de crédito fácil para os micro e pequenos empreendedores, para que possam investir no próprio negócio, fazê-lo crescer e ultrapassar os limites da pequena empresa.

De acordo com pesquisa de janeiro deste ano, encomendada pelo PayPal ao Opinion Box, os maiores vilões das MPEs na hora de contratar uma linha de crédito são as altas taxas de juros, seguidas pela burocracia do processo e pela dificuldade de conseguir o valor necessário.

Além do fato de que muitos dos entrevistados só conhecem crédito “de ouvir falar”.

Esse é um cenário que não corresponde à ambição de um país que queira ser protagonista neste novo século pós-Covid-19. Muito tem se falado sobre o mundo sem dinheiro físico, e em alguns países, como Suécia e Dinamarca, os bancos centrais já não emitem mais cédulas ou moedas. Nossos desafios são muito maiores e mais urgentes: digitalizar as empresas (todas) o mais rápido possível e dar a cada empreendedor e empreendedora a oportunidade de ter sua vida financeira, literalmente, no bolso e disponível a qualquer hora do dia ou da noite.

Iniciativas como o cadastro positivo, o open banking e as ações mais recentes do Banco Central para turbinar a concorrência no setor bancário são muito bem-vindas. Assim como tem nos animado o crescimento que estamos vendo da utilização de carteiras digitais, como o PayPal, pelos brasileiros. Mas que ninguém se engane: só um país que investe na massificação da tecnologia pode oferecer mais e melhores serviços a seus cidadãos e cidadãs – e ajudar as empresas a fazer o mesmo com relação a seus clientes.

Sabemos todos que crises vêm e vão – e que algumas são mais temíveis do que outras –, e o Brasil deve olhar para o futuro de quem emprega e produz com responsabilidade.

Crises vêm e vão – e que algumas são mais temíveis do que outras –, e o Brasil deve olhar para o futuro de quem emprega e produz com responsabilidade
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