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Como não perder a “onda” da Inteligência Artificial
A tecnologia, e especialmente os grandes avanços tecnológicos, se move em ondas. Às vezes, chamamos essas ondas de revoluções, como a Revolução Industrial, por exemplo. Outras vezes, chamamos de nova economia, como a “nova economia do compartilhamento”.
 
Independentemente do nome que se dê, há sempre um ponto em comum: cada uma dessas ondas traz consigo o surgimento de novas grandes empresas, que ocupam espaço na conversa global, e geram uma quantidade enorme de benefícios para seu país de origem, desde oportunidades de trabalho e impostos pagos para o governo até relevância cultural no cenário internacional.
 
Um outro ponto importante dessas ondas de transformação é que, com o passar do tempo e dos avanços da tecnologia, a oportunidade de se aproveitar delas se torna cada vez mais horizontal ao redor do mundo.
 
Durante o processo de industrialização, no final do século 19 e boa parte do século 20, empresas de países como o Brasil não estavam jogando de igual para igual com suas pares europeias ou norte-americanas. O acesso ao capital e aos recursos, especialmente às máquinas para automação de processos fabris, era muito mais restrito aqui do que lá, o que criava uma desvantagem natural para nós.
 
Mesmo nas primeiras ondas de transformação estritamente tecnológicas, com o surgimento dos computadores (depois, a revolução dos computadores pessoais; e, por fim, a primeira onda da internet), a verdade é que ainda havia uma discrepância muito grande de recursos entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento.
 
Olhando para a área de tecnologia, no entanto, essa situação se transformou. O advento, ao longo da última década, da computação na nuvem em grande escala gerou a possibilidade de qualquer pessoa ter acesso à mesma capacidade computacional que qualquer uma das maiores empresas do mundo, sem ter de investir um centavo sequer na compra de equipamentos físicos.
 
Estamos, hoje, no meio de duas ondas de transformação na área da tecnologia, que vêm acontecendo em paralelo. A primeira é a onda do big data, o tratamento e análise de grandes volumes de dados. A segunda é a onda da Inteligência Artificial (IA), a utilização de algoritmos de computador capazes de aprender a resolver problemas a partir de regras simples ou exemplos históricos. Essas duas ondas já vêm impactando os mais diferentes setores da economia mundial, e esse impacto só tende a aumentar. Nesse contexto, é fundamental que o Brasil não perca a oportunidade de desenvolver empresas que surfem essas ondas e ocupem espaço no mercado internacional.     
 
O primeiro passo, e talvez o mais difícil, é acertar a regulamentação. Se, em tese, a computação na nuvem dá acesso igual a recursos computacionais equivalentes para pessoas de qualquer lugar no mundo, a verdade é que pagamos muito mais caro por recursos aqui do que empresas americanas ou europeias – o que, automaticamente, cria uma situação de competição desfavorável para empresas brasileiras.
 
Não só isso, mas as leis em vigor atualmente colocam uma série de restrições (que não são totalmente claras nem entendidas) sobre que tipo de dado pode ser processado, como e onde. Enquanto os aspectos regulatórios não forem resolvidos – ou, ainda melhor, removidos –, as empresas locais serão obrigadas a sair do País para realmente se desenvolver.
 
O outro lado da moeda é a capacitação. Cada nova transformação requer novos conhecimentos e habilidades, e gera oportunidades para a população que está capacitada nesses conhecimentos, especialmente no começo, quando a mão-de-obra é escassa. Países como a Islândia, por exemplo, estão desenvolvendo uma estratégia nacional para capacitar um percentual significativo da população (independentemente da formação original) nos conceitos e tecnologias relacionadas à Inteligência Artificial, preparando o terreno para a continuidade da relevância de seus trabalhadores.
 
Enquanto isso, por aqui, temos poucas boas iniciativas na área, e todas elas voltadas para uma pequena fatia, extremamente específica, da população. A falta de profissionais já tem se mostrado um empecilho para a evolução das empresas que atuam nessa área, e a situação só tende a piorar. 
 
Já perdemos, no passado, muitas oportunidades e ondas de transformação que poderiam ter melhorado, de forma considerável, a situação do País. É fundamental, agora, olharmos para a frente e agirmos para não perdermos de vista essas duas grandes novas ondas que estão acontecendo.
 
No campo pessoal, se você é um profissional de tecnologia no mercado hoje e não domina os conceitos por trás do big data e da Inteligência Artificial, está mais do que na hora de se atualizar. Individualmente, mesmo que o País não avance nessas duas áreas, sempre haverá demanda para profissionais com essas habilidades. 

Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigData Corp.

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