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No mundo em que vivemos, é muito caro ser pobre
A polêmica faz parte da vida em sociedade. Sem ela não há avanço, porque sem discussão (saudável, sempre) não se aprende, não se muda de opinião, não se progride. Por isso o título escolhido para este artigo – que, aliás, faz parte da coleção de expressões de alguns dos mais importantes executivos da empresa na qual trabalho.
 
Por isso, também, nosso foco na digitalização do dinheiro, no fim das cédulas e moedas físicas, missão que move cada um de nossos funcionários nos mais de 200 mercados em que atuamos. E quais as vantagens de tornar o dinheiro totalmente digital? Há pelo menos um gigantesco benefício: a democratização do sistema financeiro.
 
Transformar o modo como os menos abastados movimentam o próprio dinheiro é fundamental para que possam se integrar ao ecossistema financeiro. OK, serei direto: hoje, é caro demais ser pobre – no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. Para quem tem pouco dinheiro, qualquer tipo de transação custa muito mais e demora tempo demais. Por vezes, isso representa ficar horas em filas e pagar juros crescentes. No fim, quem mais precisa de ajuda para ter saúde financeira acaba excluído da economia.
 
Além de injusto, isso não faz sentido e representa a perda consciente (por parte do setor financeiro) de um grupo imenso de pessoas que poderiam consumir mais e ajudar a girar a chamada “roda da economia”. E quem poderia ser contra isso?
 
Pode parecer que me refiro a um pequeno grupo. Mas, na verdade, esses excluídos somam mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo (dados do Banco Mundial, 2018),cerca de 65 milhões somente no Brasil (de acordo com o Banco Central, 2017). Mesmo em um país rico, como os Estados Unidos, por exemplo, o cenário está muito longe do ideal. Por lá, 50% dos cidadãos não conseguem levantar nem US$ 400 em situações de emergência, como em casos de urgência médica. Assim, quando ocorre um imprevisto, eles acabam por mergulhar numa espiral sem fim de caos financeiro.
 
Futuro na palma da mão. Avanços tecnológicos permitiram à maior parte das pessoas ter um smartphone, por exemplo. No Brasil, a porcentagem da população que possui um celular do tipo já é de quase 50%, segundo relatório da Statista de 2018. Quando se conecta esse dispositivo a apps de carteiras digitais, constrói-se todo um sistema financeiro, gratuito, na palma da mão. Assim, podem-se executar transações financeiras, antes custosas, de forma quase instantânea. E, desse modo, se democratiza a economia, trazendo os excluídos para o sistema.
 
Quando se incluem pessoas que nem eram consideradas consumidoras pelas instituições tradicionais, isso acaba por conscientizá-las sobre como poupar e como gastar sem se render a taxas e juros desnecessários. E isso muda tudo. Cada pessoa, cada empresa, por menor que seja, ganha o direito de ingressar na economia global, inteiramente conectada. Permite-se assim o desenvolvimento de muitos novos negócios. É questão de matemática pura e simples – e de alguma noção de como a tecnologia se movimenta.
 
Em países como Suécia e Dinamarca, o dinheiro em papel já está se tornando lenda. Os BCs desses países não fabricam mais cédulas. A última grande encomenda de dinheiro produzido na Suécia foi feita pelo... Brasil! Notas de R$ 2 impressas por uma empresa americana com sede no país escandinavo.
 
Outra nação que deu um verdadeiro grande salto adiante nesse sentido foi a China. Nas feiras livres de diversas cidades (grandes e nem tanto), produtos podem ser comprados pelo smartphone, bastando para isso apontá-lo para um QR Code impresso no toldo da barraca. Já na Índia, o governo incentiva a população carente a usar smartphones e aplicativos para realizar transações comerciais. Nos dois casos, são caminhos para que mais chineses e indianos possam realmente participar da economia de seu país. A julgar pelos índices de crescimento dessas duas economias no decorrer das últimas duas décadas, parece ser uma boa ideia.

Lucas Medola 

CFO do PayPal para a América Latina
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