Thiago Chueiri , Desenvolvimento de Negócios do PayPal Brasil
 
O smartphone ganhou terreno entre a população mundial como poucos devices antes dele. Aqui no Brasil, o aparelho é o principal meio de acesso à internet para mais de 92% das pessoas (segundo dados do IBGE). Ou seja, vem se tornando, cade vez mais, o controle remoto do mundo. Mas sempre teve no tamanho de sua tela um calcanhar de Aquiles.
Mas, segundo recente pesquisa realizada pela SuperData (sob encomenda do PayPal Brasil), o último bastião da tela grande está se curvando ao poder de processamento do mobile. No ambiente dos aficionados por games – teoricamente, amantes de espaços mais amplos e ultra fidelidade –, os smartphones já são opção para jogos.
E não à toa. Outro estudo recente, este da Newzoo, confirma que a indústria de games deve ter receita mundial de US$ 137,9 bilhões neste 2018, com 51% desse valor, ou cerca de US$ 70,3 bilhões, provenientes de dispositivos móveis. Ou seja, pela primeira vez, o ambiente mobile responderá por um percentual maior de receita do que os PCs e consoles. A Newzoo também prevê que a indústria de games terá receita de US$ 180 bilhões em 2021, com 59% deste valor vindo de smartphones e tablets.
Isso demonstra claramente a força das telinhas e o quanto elas cativam homens e mulheres de todas as idades em qualquer latitude. Aliás, cada vez mais mulheres! Segundo a mesma pesquisa da Newzoo, o perfil do gamer vem mudando ao longo dos anos, apresentando crescimento no número de jogadoras, que hoje já representam 41% do total.
Com 66,3 milhões de gamers e uma movimentação de US$ 1,3 bilhão no ano passado, o Brasil é o principal mercado de jogos da América Latina e o 13º no ranking mundial. Por aqui, a SuperData também descobriu que 82% dos brasileiros costumam jogar via smartphone – sendo que 44% deles baixaram até 3 jogos completos em seu dispositivo mobile no primeiro trimestre deste ano.
A plataforma mais acessada pelos gamers brasileiros para comprar jogos de celular é o Google Play, com 63% (o que faz bastante sentido, já que o sistema operacional Android está presente em mais de 85% dos aparelhos brasileiros, segundo números da Gartner). Com 15%, aparece a Apple Store; e com 13%, o Samsung Galaxy Apps.
Já no setor de games para PC mais populares, a liderança é da plataforma Steam, com 24%, seguida de perto por Amazon (21%) e Microsoft Store (20%). Com cerca de 10%, League of Legends; e, um pouco mais abaixo, Origin (9%).
As plataformas de console de game mais populares no Brasil, segundo a SuperData, são Xbox (29%), PlayStation (26%), Amazon/Twitch (21%) e Nintendo Store (7%). Porém, quando questionados sobre as marcas relacionadas a games das quais são fãs, o ranking se altera: 65% citam PlayStation; 52%, Nintendo; e 51%, Xbox.
Pirataria e impostos. Atualmente, o imposto sobre jogos e consoles produzidos no Brasil bate os 72%, mas uma Proposta de Emenda à Constituição (a PEC 51/2017), cujo objetivo é zerar essa taxação, vem tramitando no Congresso desde o final do ano passado. Ou seja, há esperança de dias melhores.
Enquanto senadores e deputados discutem o assunto, voltemos à vida real: a SuperData questionou os entrevistados a respeito da pirataria, e os resultados mostraram bem o quanto ainda temos de fazer para deixar o mercado mais saudável. Cerca de 42% dos entrevistados disseram que a pirataria é inaceitável; 28% entendem que ela é lesiva aos desenvolvedores de games; e 24% acham a pirataria tolerável “se o game for muito caro”.
No primeiro trimestre do ano, 63,5% dos pesquisados disseram ter feito download egal de games; e 36,5% admitiram ter feito também downloads piratas. Os principais motivos para optar pela versão out of the law? Acesso mais fácil aos games (71%), preços mais baixos (67%) e dificuldade de encontrar games raros em sites legais (52%).
Esta, diga-se, é uma questão espinhosa que pode ter no universo do mobile um aliado importante – a despeito da PEC 51/2017. O nível de segurança dos equipamentos melhora a cada estação, e os games tendem a ser mais baratos no ambiente móvel do que suas versões para PC ou console.
É algo para se pensar e investir. A facilidade de uso do equipamento móvel – principalmente os smartphones – e a conveniência de poder pagar pelo conteúdo na palma da mão com rapidez e segurança (graças a um check-out cada vez mais simples e transparente) são itens que podem mudar a cara desse mercado tão promissor no País.