Entre 2018 e 2019, depois de dois anos de crescimento moderado – 9,23% em 2016 e 12,5% em 2017 – o e-commerce brasileiro vivenciou sua maior expansão desde 2014, ampliando o número de lojas online em 37,59%. Agora, são cerca de 930 mil sites dedicados ao comércio eletrônico, que, em sua maioria (59,76%), adotam plataformas fechadas – em geral, gratuitas.
Mas, se em uma ponta do e-commerce as lojas privilegiam soluções “for free” ou baratas, na outra extremidade, chama a atenção o fato de que, entre as empresas que compõem o universo pesquisado, 7,93% faturarem mais de R$ 100 milhões e corresponderem aos sites com mais de 500 mil visitas mensais.
Outro sinal da maturidade do e-commerce diz respeito aos produtos oferecidos. As lojas on-line estão mais confiantes em ofertar itens mais caros: 25,96% dos itens expostos em suas vitrines virtuais são de produtos que custam mais de R$ 100 (*). Com isso, a categoria de produtos entre R$ 100 e R$ 500 cresceu cerca de 5 pontos percentuais, de 6,45% no ano passado, para uma participação de 11,30%.
A série Perfil do E-Commerce Brasileiro é uma parceria entre BigData Corp e PayPal Brasil e, desde 2014, monitora os principais movimentos e tendências do setor. Confira, a seguir, os principais destaques do estudo deste ano.
Descobertas:
- A oferta de carteiras virtuais nas lojas online brasileiras já é opção em mais da metade dos comércios eletrônicos (50,28%). Essa presença vem, gradualmente, aumentando desde 2015 (ano da primeira edição da pesquisa), quando os meios eletrônicos de pagamento eram opção em 38,09% do e-commerce.
- O e-commerce praticamente triplicou sua participação no total de sites da web brasileira desde 2015. De lá para cá, saiu de uma fatia de meros 2,65% para os atuais 7,04%, comprovando sua crescente importância.
- Sites pequenos, com até 10 mil visitas mensais, hoje dominam a cena e, com a entrada de mais de 250 mil novas lojas online no último ano, aumentaram sua participação, de 82,48% para 88,77%. Já os sites médios, que recebem entre 10.001 visitas mensais e 500 mil visitas mensais, assistiram sua participação cair mais de 7 pontos percentuais, de 9,99% para 2,58%.
- Os novos sites que passaram a fazer parte do e-commerce no último ano impactaram, ainda, o perfil da oferta de produtos nas lojas online. Os novos players do comércio eletrônico, em geral, estreiam com poucos produtos, o que puxou a média de número de produtos por site para baixo. Atualmente, 73,66% dos comércios eletrônicos no País apresentam apenas entre 1 e 10 produtos; no ano passado, esse segmento ostentava participação bastante inferior (57,99%) – queda de 15,67 pontos percentuais. No sentido inverso, caiu muito a participação dos sites que vendem 101 produtos ou mais. Ela era de 33,51% e hoje está em 13,92%, diferença de 19,59 pontos percentuais.
- As centenas de milhares de lojas online recém lançadas mudaram o cenário da quase onipresença das mídias sociais no e-commerce. Se, em 2018, mais de 80% dos comércios eletrônicos estavam associados a alguma mídia social, com a entrada de centenas de milhares de novos sites de venda nos últimos 12 meses, a sua participação caiu para 65,02%. Pontualmente, o Facebook minguou sua presença de 71,02% das lojas online para 54,24%; e o Twitter, de 43,87% para 33,18%. No sentido contrário, a surpresa foi o Pinterest, cuja participação, há um ano, era tão pequena que não chegava a ser monitorada. Hoje, no entanto, já desponta com 6,57% de participação.
- O tempo médio de vida de um e-commerce mais do que quintuplicou desde 2015: há quatro anos, as lojas online ficavam ativas por, em média, três meses (cerca de 94 dias); hoje, comércios eletrônicos no País duram, em média, 487 dias, ou pouco mais de um ano e quatro meses.
- Novidade na pesquisa deste ano, o viés de atendimento ao cliente merece destaque. O estudo revela que os e-commerces brasileiros precisam melhorar sua relação com os consumidores. Uma em cada quatro lojas online já sofreu ao menos um processo judicial movido por um comprador.
- Apesar dos grandes avanços registrados nos últimos anos, o e-commerce brasileiro deixa a desejar quando o assunto é acessibilidade para quem tem desafios visuais ou auditivos – outra medição inédita da BigData. Em 2019, apenas 0,02% dos sites não apresentaram nenhum problema nesse sentido. Todos os demais ainda têm muito dever de casa pela frente para poder garantir o acesso de seus produtos e serviços aos consumidores com deficiência.
Citações
- "O e-commerce passou dois anos com taxas de crescimento mais modestas. A crise fez com que muitas iniciativas fossem adiadas. O que vemos hoje, no entanto, é que tudo o que foi represado no passado desaguou com força entre 2018 e 2019. O e-commerce, mais uma vez, está sendo uma opção para quem quer empreender no País” Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigData Corp.
- “A explosão no número de lojas online no País reflete a boa perspectiva do e-commerce e o perfil empreendedor do brasileiro mesmo frente a cenários econômicos não tão promissores. E é nesse momento que a escolha por ferramentas certas faz toda a diferença para o sucesso e o crescimento de um negócio. Por isso também assistimos ao crescimento das carteiras digitais como meios de pagamento dessas lojas virtuais. Alinhado a essas tendências, o PayPal oferece soluções específicas para cada tipo de negócio a fim de contribuir para o desenvolvimento do mercado de e-commerce como um todo e com a excelência da experiência do usuário – calcada em rapidez, conveniência e segurança. Thiago Chueiri, diretor de Desenvolvimento de Negócios do PayPal Brasil
(*) Os valores citados são preços médios dos sites, ou seja, a média do preço de todos os produtos vendidos em uma dada loja virtual.
Metodologia
- A série Perfil do E-Commerce Brasileiro usa o processo de captura de dados da internet da BigData Corp., o qual prevê o processamento de mais de 10 petabytes semanalmente, extraídos de visitas a mais 23 milhões de sites brasileiros, dos quais são obtidos informações estruturadas e seus links.