O futuro está à nossa porta quando o assunto é automação bancária e pagamentos eletrônicos. Para se ter ideia dos avanços dos últimos anos, basta dar uma espiada nos números mais recentes da Febraban: de acordo com a 26ª edição da
Pesquisa de Tecnologia Bancária, em 2017 foram realizadas 25,6 bilhões de transações por meio de canais móveis, alta de 38% em relação a 2016. A participação do mobile no total das transações bancárias cresceu 3,5 vezes desde 2011 – ou seja, se tornou o meio de acesso preferido dos brasileiros.
As transações por internet banking não deixaram de crescer, mas foram bastante tímidas frente à plataforma móvel. Ainda de acordo com a Febraban, foram realizadas 15,8 bilhões de transações por este canal, um avanço de 2%. Já o número de transações com movimentação financeira aumentou 6%, de 3,4 bilhões, em 2016, para 3,6 bilhões em 2017.
Juntos, mobile e internet banking contabilizaram 5,3 bilhões de operações com movimentação financeira em 2017. Além disso, os dois canais acumularam 58% de participação no total das operações (com ou sem movimentação financeira) no ano passado.
É um cenário bastante importante e interessante para todos nós que trabalhamos, diariamente, com gestão de riscos – até porque o ambiente digital permite interações nunca antes vistas e, por isso mesmo, requer estruturas cada vez mais rígidas, do ponto de vista da segurança, e inteligentes.
É preciso dizer também que o Banco Central vem fazendo sua parte em relação às fintechs e demais serviços financeiros digitais que já se tornaram parte do cotidiano dos brasileiros. E uma das mais comentadas ações recentes do BC diz respeito à divulgação de nota de apoio ao Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações Internacionais (CPMI/BIS) acerca de fraudes no sistema de pagamentos.
A nota manifesta o apoio do Bacen a um documento do BIS intitulado “Reduzindo o risco de fraudes nos sistemas de pagamentos de alto valor relacionadas à segurança nos terminais de acesso” (
Reducing the risk of wholesale payments fraud related to endpoint security), fundamental para a boa gestão desse mercado – e que, por tabela, acaba ecoando em todo o sistema de pagamentos/movimentações financeiras digitais.
Essa estratégia para diminuir riscos é composta, como informou o BC, de sete pontos-chave:
1. Identificar e entender a gama de riscos
2. Estabelecer requisitos de segurança, ou seja, incluir iniciativas para prevenção e detecção de fraudes, resposta a fraudes e alerta a cadeia de pagamentos
3. Promover aderência (ampliar os conhecimentos sobre os riscos e respostas unificadas ao longo da cadeia)
4. Promover o uso de informações e ferramentas para aprimorar os processos de prevenção e detecção de fraudes
5. Responder de maneira oportuna e no timing adequado a potenciais fraudes
6. Apoiar ações educativas, de conscientização e de compartilhamento de informações
7. Aprender, evoluir e coordenar
Isso tudo, claro, com o apoio irrestrito das instituições financeiras, que devem primar pela excelência de seus produtos/serviços, a adequação sine qua non à legislação e também pela eficiência de suas políticas de compliance e gestão de riscos.
Nesta seara, aliás, ou todos os players trabalham de olho em um objetivo comum ou correm atrás dos fraudadores, cada vez mais tecnológicos.
Uma coisa é certa: vivemos uma era de grandes avanços em sistemas disruptivos de pagamento eletrônico, o que representa cada vez mais independência para os clientes e capacidade de democratizar os serviços financeiros. Em um país que conta mais de 65 milhões de desbancarizados (também segundo o
BC), quanto mais a tecnologia puder integrar as pessoas e facilitar suas vidas, melhor.