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Confesso, eu não gostava de Carnaval. Essa frase só mudou para o presente (Sim, hoje eu gosto de Carnaval) quando conheci a festa nas cidades-irmãs Recife e Olinda. No início dos anos 2000, como correspondente da revista Época na capital pernambucana, fui “obrigado” a cobrir a festa. Naquele tempo, a moda dos bloquinhos ainda não tinha voltado no Rio (nem surgido em São Paulo) e os trios de Salvador pareciam não existir além da corda que separa os abadás da pipoca. O encontro com uma festa democrática, despretensiosa, diversa e debochada nas ladeiras de Olinda me encantou. A rua é de todos, para todos e por todos no Carnaval pernambucano.

 

 

Outro ponto essencial: sua multiculturalidade. Na terra onde o axé não entra (é proibido ser tocado em Olinda), sobra espaço para ritmos, costumes e tradições típicos de Pernambuco, do maracatu ao frevo, das marchinhas a Alceu Valença (não conhece nenhuma música dele ainda? Sem problema: você aprenderá hits como Tropicana, Bom Demais e o hino do Galo da Madrugada quase que por osmose).

 

Descobri o famoso “espírito do Carnaval” e fui tomado por ele de tal forma que, nos anos seguintes, empunhei uma alfaia (instrumento musical) e desfilei em um grupo de maracatu arrastando a multidão no sobre e desce das ladeiras de Olinda. Entusiasta confesso do Carnaval pernambucano, reúno aqui algumas das experiências que considero mais marcantes da folia e dicas para você curtir a festa e entender a razão de todos cantarem em uníssono nas ladeiras “Voltei, Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço...” (escute aqui a canção):

 

 

Quem cedo madruga. A dica de ouro é: acorde cedo e corra para Olinda. O melhor da festa na cidade que fica do ladinho do Recife acontece durante o dia. Os blocos começam a sair desde as 9 horas (ou muito antes, como o A Corda, que antes das 7 horas passa com uma corda “acordando” a todos com seu trocadilho infame perdoado pelo Carnaval) e dá para curtir muito até a tarde, momento de dar aquela pausa para fugir do calor de mais de 50 graus no meio da muvuca, repor as energias e descansar para o segundo round da festa no Recife, palco principal da folia à noite.

 

 

Galo da Madrugada. Maior bloco de Carnaval do mundo, arrasta mais de 2 milhões de pessoas pelas ruas do Recife no primeiro sábado da festa (dia 25 de fevereiro em 2017, concentração desde as 7 horas, saída do bloco 9h30). É uma multidão sem tamanho? Sim. É apertado? Também. Imperdível? Com certeza! Nos últimos anos, proliferaram os camarotes para curtir o Galo da Madrugada em um estilo mais VIP, mas e a vontade que dá de descer e ir com a galera? :)

 

Noite dos tambores silenciosos. O som dos tambores dos grupos de maracatu ecoa pelo Pátio do Terço, envolve o corpo e emociona nessa celebração que reverencia os antepassados negros que sofreram durante a escravidão. À meia-noite da segunda-feira de Carnaval, todas as luzes do Bairro de São José se apagam e os tambores silenciam em homenagem aos escravos que, naquele mesmo Pátio, eram comercializados e até enterrados. Imperdível!

 

 

Atrás dos blocos só não vai quem já morreu. O divertido de Olinda é “perder-se” nas ladeiras e seguir o bloco que topar pela frente (ou por todos os lados, já que muitos se encontram pelo caminho, num congestionamento de ritmos). Há os clássicos, como o Pitombeira dos Quatro Cantos (de 1947), o Ceroula (1962) e o Homem da Meia-Noite (1932), e os representantes da, digamos, nova geração de blocos (ainda que alguns com quase 20 carnavais nas costas), como o Eu Acho É Pouco (quem tem sua versão infantil Eu Acho é Pouquinho), o I Love Cafusú e o novíssimo Bumba Meu Bowie, que fez sucesso em sua estreia, no ano passado.

 

 

Vista a fantasia. A criatividade das fantasias é marca-registrada do Carnaval de Olinda e Recife. Para ter uma ideia no nível máximo de irreverência que ela pode alcançar, não perca o bloco Enquanto Isso na Sala de Justiça, no domingo de Carnaval, em Olinda (11h, no Alto da Sé). São milhares de foliões vestidos de super-heróis, cada um com um “uniforme” mais inusitado que a outro.

 

 

É show! A festa no Recife ganha força no final da tarde e se alastra pela noite com uma profusão de atrações, de manifestações tradicionais, como as troças carnavalescas, os blocos da saudade e os grupos de maracatu e de caboclinhos, a shows regionais e nacionais. São 47 polos de folia por toda a cidade! Um dos mais concorridos é o do Marco Zero, que este ano abre o palco para nomes como Lenine, Vanessa da Mata, Gaby Amarantos, Titãs e Jota Quest. Veja a programação completa aqui.

 

Gigantes da folia. Os bonecos gigantes de Olinda talvez sejam a imagem mais clássica do Carnaval em terras pernambucanas. Ainda que você os veja em alguns blocos, a reunião completa da trupe acontece no Encontro dos Bonecos Gigantes (27 de fevereiro, 8h, Largo do Guadalupe, Olinda), quando mais de 100 deles se concentram e saem em desfile (11h) pelas ladeiras da cidade histórica. Guarde espaço no cartão de memória da máquina fotográfica para muitas selfies com os famosos gigantes.

 

 

Brilho rural. Você certamente já viu aqueles homens vestidos com uma espécie de túnica pesada cravejada de lantejoulas e, na cabeça, um chapéu gigante de filetes metalizados. Eles são os representantes do maracatu de baque solto, uma tradição das regiões rurais de Pernambuco. No Carnaval, eles se deslocam para Olinda no Encontro de Maracatus de Baque Solto (27 de fevereiro,10h, Praça Iluminaria Zumbi). É o momento de ver de perto esse espetáculo de beleza e cultura regional!

 

Todo Carnaval tem seu fim... ou não. Quando quase todo o país já está lamentando a volta ao trabalho, sai o bloco do Bacalhau do Batata, na quarta-feira de cinzas (7h30, Largo da Sé, Olinda). Ele foi criado por um garçom, o Batata, que trabalhava durante todo o Carnaval e não podia brincar. Sorte nossa, que ganhamos essa “saideira” da festa!

 

 

 

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Os camarotes para curtir o Carnaval em Recife e Olinda são uma atração à parte. No Recife, o Parador terá shows de astros como Bell Marques, Banda Eva, Aviões do Forró, Maiara & Maraisa, entre outros, e inclui open bar. Em Olinda, o Carvalheira na Ladeira, também com open bar, traz Timbalada, Monobloco, Elba Ramalho, Anitta, Marília Mendonça e muitas outras atrações. Já o Camarote Olinda põe no palco nomes como Wesley Safadão, Jorge e Mateus, o DJ Alok e muito mais. Há luxos como espaço gourmet e serviço open bar. Você ainda pode garantir ingressos para esses camarotes no Bilheteria Web e pagar com PayPal.

 

 

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Eduardo Burckhardt, Editor | Blog PayPal BR & Latam