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Idosos são oportunidade, não custo
No Brasil, faz um tempo, o debate econômico se habituou a pensar os idosos sob a ótica (das despesas) da previdência e da saúde. São abordagens necessárias a uma sociedade que experimenta o gradual envelhecimento da população, mas estreitas diante do potencial da chamada terceira (ou melhor) idade. É hora de encarar a faixa etária, não somente como fonte de gastos, mas geradora de trabalho, renda e demanda por produtos e serviços.
 
Nesta primeira metade do século XXI, o país vive a transição de nação jovem para sociedade com presença crescente de idosos. É boa notícia, posto que a tendência decorre da redução da mortalidade e do aumento da esperança de vida. Nos anos 1960, a população não costumava chegar aos 55 anos; hoje, passa dos 70, especialmente nas metrópoles. Uma década atrás, eram 10,9 milhões de brasileiros com 65 anos ou mais; agora, são 16,8 milhões. Em 2030, estima o IBGE, órgão oficial de estatísticas, serão 30 milhões de idosos, pouco mais de 13% do total de habitantes.
 
A transição demográfica traz demandas de políticas públicas, mas também oportunidades. É certo refletir sobre a necessidade de reforma de um sistema previdenciário incapaz de dar conta de um segmento tão numeroso quanto longevo. Os brasileiros se aposentam com 54 anos, em média, e (teoricamente) passam duas décadas inativos. Hábitos pouco saudáveis na vida adulta, falta de políticas de prevenção a doenças pressionam gastos dos sistemas público e privado de saúde.
 
Contudo, há que se pensar nas possibilidades de inserção socioeconômica da população idosa e no quanto ela pode beneficiar o país. O mercado de trabalho brasileiro discrimina tanto os jovens quanto os mais velhos. O primeiro grupo é repelido pela inexperiência; o segundo, pela suposição de não serem adaptáveis às transformações da era do conhecimento. Se trabalhamos para reformar a previdência elevando a idade mínima de aposentadoria, o Brasil precisará dar atenção à ocupação dos idosos.
 
Um segmento etário tão numeroso e produtivo pode alavancar negócios e crescimento econômico em setores, até aqui, pouco explorados. A vocação empreendedora dos idosos pode ser incentivada, quem sabe, em parceria com jovens empresários, numa equação capaz de juntar ideias inovadoras e maturidade na gestão. Quem assistiu à comédia romântica “Um senhor estagiário”, com o septuagenário Robert De Niro no papel-título sabe a que estou me referindo.
 
Vale se debruçar também sobre a infinidade de produtos e serviços destinados aos mais velhos. A vida dos idosos não se restringe a remédios e hospitais. Há muito a oferecer em alimentação, lazer, cultura, educação, habitação, transporte, turismo.  Não são muitos países do mundo que têm 16 milhões de habitantes numa faixa de consumo segmentado. É cinco vezes a população do Uruguai – tudo ao alcance dos empreendedores brasileiros. 
 
 
 

Flávia Oliveira, Jornalista

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