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Mercado de trabalho em crise aguda. Como lidar?
O mercado de trabalho brasileiro vive sua mais grave crise deste século. Desde a virada de 2015, foram extintos quase três milhões de postos. O total de desempregados praticamente dobrou. Ao fim do trimestre agosto-outubro de 2016, o país contabilizava 12 milhões de desocupados. É gente que não exerceu nenhuma função remunerada e saiu às ruas para procurar trabalho, sem sucesso.  A apatia tem a ver com a atividade econômica deprimida: o Produto Interno Bruto (PIB) cai há sete trimestres; 2016 será o segundo ano seguido de recessão. Os analistas não esperam mais que 1% de crescimento em 2017 - só no segundo semestre a recuperação da economia deve ganhar força. O cenário é de incerteza.  O desemprego crescente é o lado mais dramático da crise. Recentemente, o IBGE passou a divulgar diagnósticos mais robustos sobre o mercado de trabalho. Para cada situação, são necessárias políticas específicas. A elas nos dedicamos a seguir:
 
DESEMPREGO. A taxa de desemprego alcançou 11,8% no terceiro trimestre de 2016. São 12 milhões de brasileiros que não trabalharam, mas estão buscando ocupação. Para eles, a alternativa é a retomada do crescimento, acompanhada de abertura de novos postos de trabalho. Não é o que está ocorrendo. De janeiro a outubro, o Ministério do Trabalho registrou fechamento de 751 mil vagas com carteira assinada em todo o país. No terceiro trimestre de 2016, o total de brasileiros ocupados ficou abaixo de 90 milhões pela primeira vez em três anos e meio.
 
SUBOCUPADOS. Desde outubro, o IBGE passou a divulgar o total de brasileiros subocupados por insuficiência de horas. Há 4,8 milhões de trabalhadores nesta situação. Eles exercem função remunerada em jornada inferior a 40 horas semanais e gostariam de trabalhar mais, para aumentar os rendimentos. Se não o fazem, é por falta de oferta. A redução da capacidade ociosa das empresas ajudaria a resolver o problema, bem como o aumento da demanda por mercadorias e serviços por consumidores e famílias.
 
POTENCIAL. A força de trabalho potencial inclui profissionais que desejam trabalhar, mas não buscaram vaga por pessimismo ou incapacidade temporária. Somam 6,1 milhões de brasileiros. No primeiro grupo estão os chamados desalentados, que não engrossam fila do emprego porque não veem perspectivas. No segundo, trabalhadores que estão impossibilitados de assumir compromisso, por estarem doentes ou se dedicando aos cuidados com familiares, crianças ou idosos. De novo, a retomada do crescimento ajudaria os desalentados; os demais necessitam de políticas públicas de atenção à saúde e aos idosos, creches e escolas em horário integral para as crianças.
 
MULHERES. As mulheres são o gênero mais afetado pela crise do desemprego. Uma em cada quatro (25,3%, contra 17,9% dos homens) está em situação de subtilização da força de trabalho (desemprego + insuficiência de horas + incapacidade temporária). Políticas públicas de equidade de gênero, bem como ações sociais voltadas a crianças e idosos, são essenciais para mitigar a desigualdade.
 
JOVENS. Um terço (32,6%) dos desempregados do país tem de 18 a 24 anos. O mercado de trabalho brasileiro discrimina os inexperientes. A taxa de desocupação é crescente, porque muitos chefes de família perderam o emprego. Assim, filhos antes dedicados aos estudos estão sendo obrigados a buscar vaga para ajudar no orçamento familiar. Com isso, se dividem ou abandonam a escola, o que compromete a formação. É péssimo para a competitividade da economia no futuro. O remédio são, de um lado, políticas de transferência de renda para evitar a evasão escolar juvenil, de outro, ações para ampliar a oferta de emprego para os mais jovens.
 
EDUCAÇÃO. Em cada quatro desempregados, um não concluiu o ensino fundamental. O mercado de trabalho está cada vez mais impenetrável para trabalhadores de baixa qualificação. Eles acabam empurrados para postos precários e mal remunerados. Políticas para aumentar a escolaridade e a capacitação da mão de obra desempregada, respeitando as vocações econômicas locais, são desejáveis para combater o desafio. O seguro desemprego poderia estar condicionado a programas de reciclagem profissional e/ou educação regular.
 
EMPREENDEDORISMO. Quando a crise começou, o IBGE apurou aumento no número de trabalhadores por conta própria. Houve uma espécie de migração espontânea de quem perdeu o emprego com carteira assinada para atividades autônomas, de modo a se manter no mercado. Os especialistas chamam a isso de empreendedorismo por necessidade, em vez de por vocação ou oportunidade. Entre o início de 2015 e o primeiro trimestre de 2016, mais de 1,4 milhão de profissionais tornaram-se por conta própria. O saldo hoje é nulo. A atividade econômica debilitada fez minguar a demanda por serviços, atividade comum entre os autônomos. Sem conhecimentos de gestão, eles desistiram dos negócios próprios e voltaram à fila do desemprego. Ações de formação e apoio ao empreendedorismo são essenciais à longevidade das micro e pequenas empresas.
 
 

Flávia Oliveira, Jornalista

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