Da crise econômica que o Brasil atravessa, um dos lados mais dramáticos é o desemprego juvenil. No primeiro trimestre de 2016, o índice de desocupação dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos bateu 24,1%. Significa que um em cada quatro jovens inseridos na força de trabalho procura vaga. Sem sucesso.
O país tem hoje 11,4 milhões de habitantes desempregados. É gente que não trabalhou sequer uma hora na semana de referência da pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, mas saiu em busca de ocupação. Desse total, um terço são jovens. O mercado é particularmente hostil à faixa etária, em razão da falta de experiência. A contradição é flagrante: a juventude não consegue trabalho por ser inexperiente; e não ganha experiência porque não têm oportunidades.
O aumento do desemprego dos adultos tem empurrado os chamados membros secundários das famílias para o mercado. É por isso que a desocupação dos jovens aumenta. Rapazes e moças, que em anos recentes tiveram a chance de se dedicar aos estudos, estão sendo obrigados a procurar trabalho para ajudar no orçamento familiar. Os riscos dessa tendência são a entrada precoce na vida profissional ou, pior que isso, a interrupção da formação acadêmica.
Uma alternativa de inserção juvenil é o empreendedorismo, modelo que vem crescendo também entre os mais velhos. Boa parte das vagas com carteira assinada extintas desde 2015 foi compensada pela ocupação por conta própria. No caso dos jovens, a dedicação a negócios próprios, além de estimular a inovação, pode dar perspectiva de longo prazo às empresas nascentes.
O país não é fértil em políticas públicas para a juventude, mas a sociedade civil tem se organizado em projetos de formação, acolhimento e desenvolvimento de empreendimentos para a faixa etária. A seguir, algumas iniciativas dedicadas ao empreendedorismo juvenil:
SEBRAE: A entidade tem uma cartilha dedicada ao assunto. É o
Manual do jovem empreendedor. A publicação ensina a elaborar plano de negócios e o caminho para abrir uma empresa; trata de ideias inovadoras; e traz dicas de empresários de sucesso.
JUNIOR ACHIEVEMENT: Associação educativa sem fins lucrativos, a
JAsurgiu nos EUA em 1919. Dedica-se a despertar o espírito empreendedor de jovens. No Brasil, está em todos os estados e no Distrito Federal. Conta com 150 mil voluntários e já beneficiou quatro milhões de alunos.
AGÊNCIA REDES PARA A JUVENTUDE: A
agência desenvolveu metodologia para selecionar e desenvolver projetos de jovens empreendedores de favelas cariocas. Tem apoio da Prefeitura do Rio.
SHELL INICIATIVA JOVEM: A companhia de petróleo adaptou ao Brasil
projeto criado em 1982, no Reino Unido. Jovens de 20 a 34 anos, com ensino médio completo, recebem ajuda para abrir empresas éticas, sustentáveis e viáveis economicamente.
EDUCAFRO: A
ONG que nasceu para ajudar jovens negros e de baixa renda a entrar na universidade começa a atuar em inserção profissional. Está recebendo currículos e firmando parceria com empresas.
UNIVERSIDADES: País afora, universidades têm investido em incubadoras para desenvolver negócios idealizados por grupos de alunos.
FINANCIAMENTO COLETIVO: Os sites do chamado crowdfunding são acionados cada vez mais pelos jovens para recolher recursos para financiar novos negócios, cursos regulares ou especializações.