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Porque todas as crianças deveriam sonhar em ser hackers
Assisti ao filme “A rede” em meados da década de 90, tempos antigos nos quais ainda não existiam serviços por streaming, e “vídeo sob demanda” significava alugar fitas de VHS ou DVDs. Me lembro de tê-lo alugado em uma loja em minha cidade natal - Campana, a 70 quilômetros de Buenos Aires, aqui na Argentina - e vi com meus amigos.
 
A protagonista é Sandra Bullock, que interpreta uma analista de sistemas que descobre um delinquente capaz de acessar bases de dados secretas através da Internet. E, apesar de já terem se passado mais de duas décadas desde essa tarde de sábado e de nunca ter voltado a ver esse filme, esse foi meu primeiro contato com os hackers, essa espécie de evolução dos espiões e clássicos malfeitores, que, neste caso, podem exercer sua criminalidade à distância e com um computador.
 
Porém, “A Rede” não foi a única abordagem de Hollywood sobre os hackers. São muitas as superproduções que lançaram mão deste termo para criar novos vilões. Também vemos esse fenômeno refletido na imprensa, com manchetes que nos contam como um hacker roubou fotos privadas de uma celebridade ou violou a segurança de algum sistema de informações. É por isso que me surpreendi quando conheci Valentín Muro, um jovem argentino que procura fazer com que todas as crianças sonhem em ser hackers.
 
“Em geral, o termo hacker é usado de acordo com os meios de comunicação em massa desde a segunda metade dos anos 80. Isto é, associando seu significado a o de “delinquente informático”. Porém, hackers são pessoas que se dedicam a entender como funcionam as coisas e a questionar tudo. No caso da tecnologia, dedicam-se a brincar e se apropriar dela. Quer dizer, fazer com que as coisas funcionem de acordo com a vontade deles e não necessariamente como foram designadas a funcionar”, diz Valentín. Ele é parte de um movimento mundial que procura limpar a má fama associada aos hackers, que, na verdade, deveriam ser vistos como “makers”, pessoas que buscam entender como funcionam as coisas e criar novos objetos a partir disso.
 
Valentín trabalha na difusão da ética hacker: “Entendemos por ética hacker um conjunto de valores muito comumente encontrados entre eles. Esta ética procura celebrar a curiosidade e as aventuras criativas, conquistar maior autonomia e liberdade na exploração dos interesses das pessoas e, acima de tudo, colocar foco na colaboração à comunidade. A ética hacker, além de endereçar aos interesses pessoais, também nos convida a compartilhar o que aprendemos para que um mesmo problema não tenha que ser resolvido duas vezes.”
 
Se ser hacker significa ser curioso, criativo, colaborativo e autônomo… Eu também quero que todas as crianças sonhem em ser hackers! O trabalho de Valentín pode ser visto na empresa que criou, Wazzabi, que recentemente desenvolveu o maior makerspace escolar da América Latina, no México.
 
 
Tomás Balmaceda, Jornalista
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